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Olho por olho até que fiquemos todos cegos?

Foto do escritor: Andrei MoschetoAndrei Moscheto

Na antiga Mesopotâmia surgiu um dos mais antigos conjuntos de leis registrados pela história da humanidade, o Código de Hamurabi. Lá é que se encontra a origem da famosa expressão "olho por olho, dente por dente", numa compreensão de que o mal praticado contra você só poderá ser compensado pelo mal praticado ao outro. Em diversos códigos penais ao longo da história encontramos essa institucionalização da vingança como forma de compensação por uma dor sofrida. Muitos filósofos, legisladores e estudiosos do direito já se perguntaram e refletiram sobre esta pergunta: vingança, realmente, compensa a sua dor?


Penso que a resposta violenta sempre acaba por trazer problemas de curto, médio e longo prazo a quem as pratica. Elas reverberam pela existência como uma dolorosa onda de responsabilidade sobre quem as praticou, independentemente do que gerou a resposta.


Lembro de conversar de maneira filosófica e não religiosa com alguém, não lembro quem, sobre a filosofia de "dar a outra face" presente no humanismo ensinado por Jesus Cristo e lembro de chegar a uma conclusão surpreendente (pra mim). Este ensinamento, que parece requisitar que vinganças se cessem para que possamos dar fim a uma onda de violência infinita, oferece em primeiro lugar um bem estar ao praticante da não-violência como resposta. Quando aprendi sobre "dar a outra face", lá na catequese, eu achava que era apenas uma coisa de sofrer encolhido, de carregar um dor grande comigo onde quer que eu fosse. Pelo contrário: a resposta violenta repercutia por muito mais tempo dentro de mim, fazendo com que a violência original estivesse perpetuada na minha consciência.


Não-violência não significa aceitar tudo de ruim sobre si mesmo, apenas significa que a resposta terá muito mais chance de quebrar um ciclo vicioso para que novas soluções surjam.


Espero que você possa praticar não-violência no seu dia a dia com a consciência de que não é fácil, que vamos falhar diversas vezes e que, ao falhar, devemos tomar cuidado de ser não-violentos com nós mesmos para que possamos seguir em frente.


Uma boa semana para vocês.


Andrei Moscheto

coordenador do Instituto Shukikan


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