Cometi um pequeno pecado ontem: assisti um pedacinho do Big Brother Brasil! - afinal, sou um artista, um professor de arte marcial, um cronista, não deveria ser aliciado para a audiência do eterno reality show do Globo*. Mas fui lá assistir e não tive surpresas: um monte de gente jovem e bonita no programa que tem que vender roupa, acessório, maquiagem, produtos de beleza, utensílio eletrônico, etc, o tempo todo. Ok, eu já sabia.
Minha curiosidade mórbida foi movida por um monte de vídeos curtos sobre misoginia que estavam pulando por aqui, na rede, o tempo todo. Mas, ao sintonizar, acabei vendo uns caras brigando verbalmente, se xingando, fazendo comentários entre seus colegas "machos" depois:
- Eu mat💀 você!
- Uma hora a gente se acerta!
- Se ele viesse, não quero nem saber, dava voadora na cara!
Era uma cena triste, em que dá pra ver com clareza cristalina um dos muitos problemas da masculinidade tóxica: perante o divergente, o antagônico, o diferente, minha única resposta perante a minha ignorância é causar violência no outro.
Essa é uma solução em que os próprios violentos se gabam de ser uma resposta animalesca, usando termos como macho alfa, matilha, proteção do bando. Mal sabem eles que o próprio cientista que inventou o termo macho alfa observando lobos reconhece que errou e que o comportamento não é assim. Mal sabem eles que bichos, perante o inesperado, são muito capazes de observar e esperar, nem que seja para atacar com mais eficiência. E nenhum bicho se gaba com os seus colegas sobre como ele atacou e mordeu outro bicho.
Se a sua resposta é sempre a violência, provavelmente você não para pra escutar o que está sentindo e o que o outro tá sentindo. Você não quer apenas socar o outro, quer calar todo e qualquer sentimento que esteja vindo pra fora de você e que não é claro. Entender os seus sentimentos e entender que o outro tem sentimentos é o primeiro passo para que violência não seja a sua única forma de lidar com os outros e com você mesmo.
Escolher o caminho do amor não é fácil, mas é recompensador.
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PS - Sim, a frase contém ironia, pq muita gente esnoba o programa só pra "se fazer" online
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