top of page
Buscar

Eu estou certo! - segundo eu mesmo

Foto do escritor: Andrei MoschetoAndrei Moscheto



Recebi uma dica de leitura de um amigo, o livro “Por que o Budismo funciona – como a psicologia evolucionista e a neurociência explicam os benefícios da meditação”, de Robert Wright. Bastante pragmático, o livro reforça a noção dos benefícios da prática meditativa, dando ferramentas e respostas objetivas para praticantes novos em busca de respostas anteriores a jornada de auto descobrimento. Mas não falarei de meditação. Não agora, pelo menos.


Logo, num dos primeiros capítulos, o autor começa a discutir o sentido do termo “eu” dentro dos ensinamentos budistas e aponta para vertentes divergentes em sua reflexão sobre o que o “eu” significa. O que Buda quis dizer com isso? É pra gente ter a consciência de si mesmo ou abandonar o conceito de si em prol de uma consciência universal? Vertentes de cada lado argumentam a favor de si mesmas, para decidir qual a resposta definitiva da metáfora e, aparentemente, há uma cisma entre grupos com opiniões opostas.


E aí você passa a imaginar grupos budistas, que a gente sempre fantasia como pessoas absolutamente afáveis e não violentas, que tem birra da ignorância do outro grupo porque chegaram a uma conclusão divergente.


Se a vida eterna existir mesmo e as figuras máximas das religiões puderem estar num mesmo lugar, batendo papo, acho que uma das frases que elas mais repetem uma pras outras é: Quando eu disse aquilo eu juro que queria trazer paz de espírito e não provocar discussões desnecessárias.


É difícil aceitar a opinião do outro quando ela diverge da sua. Temos um conceito de que só conseguimos navegar pela existência apoiados em certezas pessoais, então rejeitar o oposto vira uma falsa luta pela sobrevivência. Se mesmo os budistas afáveis brigam...


Que possamos exercitar o ato de empatia pela opinião do outro, mesmo que seja para defender o nosso ponto de vista.


Que possamos estar abertos para opiniões divergentes dentro e fora de nossas filosofias, aumentando sempre a tolerância para todas as religiões e não-religiões.


Em universos de conflito, pequenos pontos de empatia viram oásis necessários à nossa existência.

 

Andrei Moscheto

coordenador do Instituto Shukikan

5 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


Post: Blog2_Post
bottom of page