Soube hoje, há poucas horas, que Victor Vaz sensei não poderá mais ser uma presença frequente nas nossas aulas e treinos. Ele está de mudança para São José dos Pinhais, então vai ficar um pouco fora de mão para vir até o Ahú com frequência.
Meu egoísmo atacou prontamente, querendo que tudo fique como está! - temos aversão a mudanças, queremos que o mundo fique onde a gente (acha) que já entende. Nossa nostalgia sempre nos engana, fazendo a gente acreditar que o mundo da nossa infância era sempre melhor que o atual, porque viver durante a mudança desperta uma incerteza que não sabemos como lidar.
Perante incertezas, perante dúvidas, perante problemas, perante felicidades também, a verdade inexorável é a vida vai sempre insistir em seguir em frente. Toda a tentativa de retorno na memória é saudade, mas na ação é retrocesso. O mundo continua e, assim como no Ki-Aikido, seguir o fluxo é parte importantíssima de se estar junto com o universo.
Aquele "do", no final das palavras japonesas de artes marciais (Ki-Aikido, Judo, Kendo, etc) cujo kanji é 道 costuma ser traduzido por "caminho". Porque as artes não tem uma graduação final, elas oferecem um rumo no qual caminhar que não nos leva ao final, nos leva para um pouco mais a frente. Depois um pouco mais. Depois um pouco mais.
Mudanças não são finais: são caminhos.
Todos os caminhos tem sinuosidades e bifurcações que nos forçam, ajudam, empurram a gente a mudar um pouquinho e, assim, continuamos caminhando. Meu egoísmo perde bastante a força ao saber que um colega teve a força necessária de encontrar (mais) uma encruzilhada e seguiu seu caminho - e que sua estrada ainda terá várias intersecções com a nossa.
Victor Vaz sensei estará conosco amanhã, para a primeira aula do ano, e segunda para a sua "última" aula oficial do momento.
Apareçam e celebrem os caminhos que continuam a ser percorridos.
Andrei Moscheto
coordenador do Instituto Shukikan
amigo do Victor
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