Por Sawai Atsuhiro
Desde os primeiros anos da década de 1920, existe uma única forma de Yoga no Japão. Essa forma distinta de Yoga japonesa combina meditação sentada, meditação em movimento, exercícios respiratórios e outras disciplinas que ajudam o praticante a alcançar a unificação de mente e corpo. É chamada Shin shin toitsu do. Através de seus princípios de coordenação de mente e corpo, os estudantes tornam-se hábeis a realizar seu pleno potencial na vida diária. Isso foi criado por um homem memorável, que teve uma vida admirável. Ele era conhecido no Japão como Nakamura Tempu Sensei, e esta é sua história.
O NASCIMENTO DE NAKAMURA SABURO
O pai de Nakamura Tempu Sensei era um bushi, um nobre guerreiro, e filho de um grande senhor feudal em Kyushu. Ele era um homem progressista, que tentou introduzir idéias européias em seu país. A Mãe de Tempu nasceu em Tóquio e era uma mulher elegante, forte e fiel. Depois da restauração Meiji, em 1868, foi removido o poder dos bushis. Ao pai de Nakamura Tempu sensei foi dado um alto cargo no governo, em Tóquio, onde ele criou um papel muito resistente (feito de seda e de tradicionais papéis japoneses), que passou a ser usado na manufatura das notas bancárias do novo governo. A família pvivia em um subúrbio de Tóquio, não muito distante da fábrica de papel. Ele nasceu nessa casa e foi originalmente chamado de Nakamura Saburo.
A infância de Saburo foi muito interessante. Ele era uma criança selvagem que, em uma ocasião, durante uma luta, ficou tão furioso que quebrou o dedo de um garoto e arrancou a lóbulo da orelha de outro. Um grande contraste com o gentil homem o qual se tornou mais tarde, um respeitável professor do espírito que abraçou a causa de pregar a paz mundial.
No equivalente ao collegial, Saburo foi capitão do time de judô. Uma vez, quando seu time derrotou o time de outra escola em um torneio, o time perdedor desenvolveu grande rancor contra ele pois era o capitão. Eles prepararam uma emboscada e, quando Saburo estava a caminho de casa, dez garotos os espancaram cruelmente.
Na manhã seguinte, Saburo visitou a casa de cada um desses garotos e confrontou-os. Finalmente, ele visitou a casa do capitão e ao entrar, encontrou o adolescente. Temendo por sua vida, o garoto fugiu para a cozinha e pegou uma faca. Eles se engalfinharam até que Saburo tomou a faca e perfurou a barriga do garoto, que veio a morrer. Saburo foi enviado para a prisão até que, mais tarde, foi declarado inocente pois agiu em defesa própria.
Saburo odiava perder para outra criança e, anos depois, essa atitude ajudou-o muito a superar diversas dificuldades. Ele cresceu como um perfeccionista, que sentia grande orgulho em realizar seus objetivos. Essa tendência pode ser vista em sua busca de qual é o valor da ciência e da filosofia.
UM AGENTE SECRETO NASCE E QUASE É MORTO
Nakamura Saburo teve um papel ativo como espião na guerra Sino-Japonesa (1894-95) e na Russo-Japonesa (1904-05). Quando estourou a última guerra, ele aplicou-se no trabalho de espiãoe esteve em mais de 2.000 ações por todo o país. Saburo era escolhido porque era corajoso, e porque era um excelente judoka e kendoka (forma moderna de espadachim). Ele foi agente na Manchúria com seu parceiro Hashizume, um japonês nascido naquele páis, e que parecia com um nativo chinês.
Seu time explodiu uma ponte e invadiu o quartel-general do inimigo para roubar documentos; também lutou com bandidos usando espadas japonesas. Saburo, em particular, era letal tendo uma espada nas mãos. Quando foi capturado por uma grupo de cavalaria cossaco, foi sentenciado à morte por um tenente russo.
Em face da morte, Saburo não sentiu medo. De fato, ele dormiu pesadamente na noite anterior à sua execução. Na manhã seguinte, foi servida a ele uma farta refeição russa, a qual ele comeu até se fartar.
O oficial encarregado de observar a execução acompanhou-o no café da manhã. Ele ficou impressionado com a compostura de Saburo e disse: “Você parece um rapaz jovem. Eu sinto ter que te executar. Você tem algo a dizer antes de morrer?”
“Não, nada.”
"Estranho… você não parece triste ou assustado. Por quê?”
Saburo respondeu: “Eu não esotu triste, mas eu tenho um arrependimento.”
“E qual seria esse arrependimento?”
“Minha mãe não pode me ver agora.”
O official russo exclamou: ”Eu não entendo o povo japonês! Como poderia sua mãe ficar feliz de vê-lo morrer?”
“Não, não feliz. Orgulhosa de me ver morrer pelo meu país.”
Pouco antes de ser executado, Saburo recusou uma venda para os olhos, dizendo para os tr~es atiradores: “Eu quero ver onde as balas vão me atingir. Não errem.”
Quando os atiradores estavam para abrir fogo, uma Granada de mão explodiu. Ela tinha sido atirada por Hashizume, que foi informado do destino de Saburo por uma garota chinesa que havia sido salva por Saburo. A comoção causada pela explosão permitiu que Saburo escapasse, carregando preso ao corpo o poste que o prendia. Essa foi, de fato, uma curta escapada. Mais tarde, essa história foi transformada em drama e apresentada em teatros no Japão.
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